Seja Benvindo, Meu Amigo Incendiário!

Seja benvindo à este fogaréu de sentimentalidades . Traga seu galhinho e juntos incendiaremos o mundo

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Subjetivo


Existe uma alegria
Um contento
A intento do que sinto por dentro

Paz
Que satisfaz
O que outrora julguei não ser capaz

Penso ser divino
Penso ser enganador
E no auge de tantas sentimentalidades
que até podem causar-me a dor
Julgo que possa, quem sabe
Até mesmo ser Amor

Sara Mazuco

01:29 AM


O relógio marca 01:29 AM

E ainda ouço em meu silêncio,
 tua ausência aprisionada em meus ouvidos
  Como música fora de compasso
de acordes duvidosos

Ouço sons distantes que perturbam meu repousar
questionando-me o juízo
(suposto perfeito)

Escrevo palavras que não se valem
Mas que se verbalizam, a cada instante,
Entrelaçando-se entre sílabas envoltas em memórias recentes. 

Sinto sono de corpo, mas não sono de essência...
Não sono de alma...

Da escrita abusada que ousamos pensar,
momentos da entrega perfeita que juntos conseguimos sombrear,
me consome a folha branca de papel

Os dedos folheam a mente procurando o poema que escrevemos
As letras ainda estão lá, fortes e embasadas,
distintas e compostas do jeito que a melodia soou

Sinto sono...

O travesseiro me vê como inimigo mortal,
me agride a tez,
me trazendo você outra vez,
me questionando a razão.

Sinto sono...
Mas, é que a recomendada "NOÇÃO"
nunca apagou a luz da nossa canção


Sara Mazuco

Agonia em Preces

Deste teu amor infernal
Quero com força tal
Que se faças distante!

Deste amor pagão
Insano Alcorão!
A este teu amor faço votos de morte
Por que desta maldita sorte
Prefiro viver a dor...

A Santa Maria peço-lhe por mais um dia
Sem tua agonia!
A Santa Marta
Peço-lhe que parta desta dor a mim!
A São Sebastião
A este peço então, que de mim apartes a solidão!

Quero deste amor que só lhe reste a morte
Aí só diria: Que sorte!

Quero o sangue, o adeus , a partida,
De tudo o que nunca foi vida
Quero deste amor dos demônios
Que de tudo que é absurdo
Que disto, até ouçam os surdos,
Pois disto tornei-me voyer...

E, que de minha alma tome conta Santo Expedito
Pois de tudo, o que mais acredito
É não ser mais tua mulher 

Sara Mazuco

Tons em Cinza


E as palavras se foram
Nem sequer um adeus
Somente o receio de verbalizar
Conjunções não mais condescendentes
Com a realidade recente

Tudo doente!

Situação de caos se fez
E sinto que toda vez
Que o sol tenta entrar
Uma nuvem desata a chover

Não há mais inspiração
Só chão...
Dentro e fora de mim

Não estou mais a fim de entender
Teus motivos torpes

O sol não aquece um corpo que de frio padece;
Uma alma que de vinho se entorpece;
E um coração que de um amor não se esquece.


Sara Mazuco 

Ode à Alma Meretriz


Ela andava em meio a multidão
Sequer sendo notada
Não nutria tal pretensão
Só buscava uma noitada.

Buscava do ardor,
Mulher fria!
Do intenso, apatia
Do amor, alcovas
Do intuito, fortuito!
Não se iludia.

E, nos caminhos que percorria
Havia luz, mas não era dia.
Algo indissonante...instante!
Agonia!

Rogada não se fazia
Ansiava...Buscava...Queria...
Todo dia
Por este baralho sem Às
Por este safari sem guia
Se descobria.

Estradas tinham braços
E nos braços, armadilhas
Nada mais havia
Além de um dia.

Nunca se questionou
Se disso algo valia
Tudo o que trazia
E de tudo o que se ía
Sabia que em sí mesma, jazia.

E até hoje garante
A quem quiser saber
Que da vida, herdou-lhe prazeres
que jamais poderá esquecer...

Sara Mazuco

Equívoco


Um dia, um “eu te amo"
Teus olhos mudaram de cor
Nada de bonito ou feio
Em meus devaneios
Quis entender teus receios
Quis entender tua dor

Almejei colorir teu jardim
Usei palavras que sabia dizer
De tanto delas fugir
As deixei de sentir
As deixei de florir
As deixei de entender

Aconteceu um “eu te amo”
Mas não lhe clareou o dia
Ouvi tempestades em teu peito
A insônia visitou teu leito
De tal forma e de tal jeito
Que a dor se fez sua companhia

A confusão e a imensidão
Em que lhe vi mergulhar
Deixou-me pensando
Sinto que muito te amando
Sinto que muito sofrendo
É hora de te deixar

Por te ver feliz e sangrando
Imerso nesse universo de dor
A este amor não posso ser fiel
Arde em mim a dor cruel
de termos brindado com fel
a um plano pseudo-sedutor


Ofereço-lhe minha ausência 
Como sua melhor opção
Dôo-te o meu partir
Vendo meus "Picassos"
Para financiar o teu sorrir

Sara Mazuco

Epiderme

Vontade de poetizar
Fluir sem rimar
Só falar
A vontade ...
Da nossa vontade
Suave!

Rabiscando verbetes
Imitando o arco-íris
Cuidando do espírito!
Antes de qualquer pretensão,
Retórica perfeita...
Dizer simplismente o
Óbvio:

"......... Teu nome em cada verso que componho......"

Sara Mazuco

Exaustão


O amargo na boca
anexado as papilas gustativas
expoem-me a incólume indelicadeza do sabor que desconhecia ...

De tamanha estranheza que a isso não me pemitiria
e que com tal nem sonharia...

Planalidade não há
na sola dos pés...

Jogo ao revés
das cartas que me destes

Cemitério de alma
surge em meio a intenções
em sua máxima potência
tamanha inassistência...

Devoto-lhe um corpo exaurido
por momentos de escassez

Sara Mazuco

Amarras



Das amarras que me aprisionam,
Desejo apenas a insensatez de tua tez
O paladar do que há tempo jaz, e que por falta de sentimento deixei morrer em mim

Das carícias que recebí,
delas desejo apenas o sabor profanode tudo o que , por muitos anos, recebí como insano
Uma folha a rumar pelo que o vento constituiu
Longe da sanidade perfeita de sua origem.

Desejo teu som...
Que se propague infinitamente
Sem saber das dimensões reais que podes causar a meus ouvidos , ávidos por suave melodia

Sim, desejo ...

E, com tamanha vontade,
que dos sonhos que tivestes
dê-me apenas o que possas oferecer...
O que me possas doar...

Agraciando minha alma,
e por que não dizer,meu infinito particular!

Porque ,
de tudo o que viví,
de tudo o que desejei ter vivido,
tudo o que restou,
Foi esta imensa vontade de ter pra sempre gravado em minhas veias o gosto de minha alma em tuas mãos


Sara Mazuco

Que Saibas


Queria que soubesses
que minha retina não ficou cega
no momento em que te ví partindo

Que minha alma não desmoronou
mesmo depois de desestruturada

Que minha audição ainda percebe palavras de amor
ainda que tenhas tentado ferí-la com o teu silêncio

Queria que soubesses
Que meus pés ainda trilham uma estrada
mesmo que tenhas deixado espinhos espalhados pelo chão

Que minhas mãos ainda acariciam
embora tenhas lesionado meus tendões

Que meus nervos ainda se acalmam
ainda que tenhas incendiado meus remédios

Queria que soubesses
Que meu paladar ainda sente gosto
mesmo que eu tenha saboreado teu veneno

Que ainda respiro ao fim do dia
mesmo que disto me tenhas ironizado

Queria que soubesses
Que sei, portanto, que de tudo isto o sabes!

Saibas em tamanha certeza
para perceberes que,
de mim, quase tudo do que pensastes,
de fato, nada soubestes
 

Sara Mazuco