Seja Benvindo, Meu Amigo Incendiário!

Seja benvindo à este fogaréu de sentimentalidades . Traga seu galhinho e juntos incendiaremos o mundo

domingo, 31 de outubro de 2010

Palavras de Coisa Alguma


A dor dói


Isentando de algemas


Eis o poema!



Sara Mazuco

Surto Inocente


Com desalento surpreendo-me com o tempo!

Não há intento neste contexto,
exceto o breve sustento deste momento...

A paz se faz presente, exceto em minha mente...

Que ainda insiste nesta enchente 
trazendo-me a  morte, dia após dia,
Nesta vida ...
Nesta corrente...
Chamada "A GENTE"
 
Sara Mazuco

Homeopática Hipocrisia


De tanta vontade de sorrir,
acabei sem um dente que me alimente...

Onde será que foi parar
o bom humor desta gente?

Mais p'rá frente há quem invente 
menos agressão numa mente diferente



Sara Mazuco

Esqualidez


Não Fale disso comigo!
Sua aspereza me fere a alma
Não me conte suas angústias
para usá-las como mote de sua loucura!

Não credite à nós o que é teu por direito
Afinal, cultivastes furiosamente cada grão
Desde que aqui cheguei, nunca alimentei tua dor!

Não sinto mais fome... 
Não, Obrigada!

O que hoje te falta é tão somente a resposta
de que não fostes capaz de doar o mesmo à alguém
E se hoje recebes o pão que pelo Diabo foi pisoteado
Certamente o negastes a quem o mereceu no passado

Não sinto mais fome... Não, Obrigada!

Toda esta tua mágoa represada tem nome e sobrenome
Foi devidamente gerada e em cartório registrada
Sendo por tua insensatez alimentada

Não sinto mais fome... Não, Obrigada!

Se  hoje choras em tua cama quente
Acusando a quem tanto lhe ofertou
Relembres como tu, com tanto a doar, negaste o pão
a quem tanta fome a teu lado passou

Não sinto mais fome
Não, Obrigada!

Posso hoje continuar meu caminho
Ressaltando a mim mesma,
que apesar da forçada dieta,
Devo agradecê-lo com carinho

Me acostumei com a escassez desequilibrada
E hoje não sinto mais fome

Se quero alimentação?
Não, Obrigada!

Sara Mazuco




Mudo Mundo

 
Onde escondem-se os conceitos da razão?
Onde embriagam-se os médiuns acusadores?
Onde sonha hoje o profeta pessimista?
E suas pseudo-profecias? 
Onde foram escritas?
 
Nota-se um silêncio mórbido e sombrio
na retina de tantos pobres desavisados
E onde hoje mora o que antes não possuía lar,
repousa o corpo do medíocre após sua infâme batalha

Entrelaçam-se em olhares vazios e abstratos
Perdidos em suas falas antes tão vorazes
Carregam o peso maldito de suas desinências mortais

Suas almas ardem em azia logo após tão desejado banquete
E como que num consentimento universal,
Calam-se TODOS!

Resta então apenas a culpa intrínseca na alma dos ímpios,
Difundindo a idéia de que, cada vez mais,
Calam-se TODOS

Diante de uma incerteza que deu certo
Calam-se TODOS
 
Diante desta maldita profecia chamada SONHO
Calam-se TODOS
 
Diante deste maldito sonho chamado AMOR 
Calam-se TODOS
 
 
Sara Mazuco

Sucinto




Foram tantas as letras que mapearam a visão...
...

Foram tantas as notas que prescreveram a canção...

....

O que faltou então?

Ferida em Resina


De cor reconheço o tambor de todas as emoções
que desenharam-me a dor
Desconheço  a peçonha doentia
Que em agonia consumiu nosso amor

E eu não tinha muito de tí
E tão menos desejava
Seu cheiro impregnava
todos os caminhos
pelos quais eu andava
Odiei meus sentidos

Excusos e obscenos
Distintos Malditos
Odiosos Benditos

Do embaço, o Vidro!
Da dor,  o Corte!
De todos, Duvido
Da sorte, a  Morte

Sara Mazuco

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Diretriz


Não sei direito onde perdí o mapa

Mas sei que este caminho,
embora oriundo da alma,
ainda não mostrou-me a tal "Calma"

Na Carne



Posso deter um impulso e premiar-me com a solidão
Ou permitir que meus olhos se lavem
com as águas de uma essência perdida

Se externasse tal sentimento, repetir-me eu faria
E traria comigo o legado de uma tribo inteira abatida
No entanto, me pergunto em que isso somaria
Se é ao cair do noite que se avalia o dia

Ao crer no vazio, creio também
que a importância de um choro 
é tal qual faca contundente:

"Apesar de doer ao corte, cicatriza ao tempo da mente"

Sara Mazuco

N I T R O


Mesma cama dispondo sonhos distintos
Mesma verdade mascarando um instinto
     Reluz em teus olhos falsos brilhantes

Tua alma não vale o instante
em que propagas a inocente luz
de um amor que ainda sinto

Avalia agora a agonia
de uma verdade regada
dia após dia
pela hipocrisia

     Está escuro
        Não há mais dia
    É o FIM
                                     
   Sorria !


Sara Mazuco

Cadência


Em meio a destroços pisoteados 
por pés descalços ,
perdí a trilha que deixastes

E com a visão impregnada pelo vento de um deserto árido,
não pude enxergar a beleza do que pretendias mostrar:

"É bem mais fácil entender o desencanto
Que a beleza de um canto..."

Intenso & Denso


Eu te quis demais e tanto,
que no auge desse encanto,
me perdí dentro de tí
Desde então, busco por algo que faça sentido
Divagando entre inúmeras aspirações
Criando em pincéis loucas abstrações

Possuo muito mais de tí do que de mim mesma
Entretanto, nada de mim possuo mais
Tudo lhe foi entregue no momento que
em apenas um toque,
percebí que me terias
pelo resto de toda a minha vida

Por parecer piegas repetir coisas insanas,
isso até riso me causa
Porém, meus consentimentos já há tempos
não entram em consenso perfeito
com tudo o que penso

E não penso pela eternidade,
pois esta pode se perder
no imerso de nossos corações confusos

Mas acredite: Te daria o mundo!
E lhe trago a resenha do que mudou-me num segundo:

Ama-me...
Pois depois de tí, me reconheço mais a fundo.
Ama-me...
Pois depois de tí, me sinto clara feito cloro.
Ama-me...
Pois antes de tí, até o que parecia limpo, era imundo.



Sara Mazuco






Lápide em Mármore Carrara


Mesmo após tempos e ressentimentos,
ainda é plenamente perceptível sua dor...
Em meio a tantos destroços do que fôra, um dia, nosso amor
ainda não se cansastes de cultivar naquela velha fotografia
sua única esperança: uma flor!

Hoje,
Já sem motivos para esquivar-me do que nos traiu,
Lamento que o que nos feriu
Constituiu-se, passo a passo, por nosso descompasso
regado por litros de desamor
Já não faz muita diferença
se o que hoje você pensa
já não mais te acalenta
Já passou

Neste momento para mim tanto faz
se o que um dia foi vida ficou para trás,
pois o que vejo no espelho hoje me agrada mais.
Não visite este cemitério,
onde apenas levas consigo os pés sujos
por caminhares em terreno tão sombrio
e saudosista demais.

Não leve mais flores a um túmulo
onde nenhum corpo lá "descansa em paz"
Aceite o que restou de memórias já tão iguais,
pois o que existia acabou e agora jaz
em túmulo que não visito mais


Sara Mazuco


Sobre(a)Vida


Anos e anos se seguiam...
Procurava verdades em meio a demolição de uma história que insistia em sussurrar vida,
mesmo que esta não exalasse resquício algum de oxigênio.
Não buscava razões esquecidas
Tão pouco ofensas merecidas
Esperava por algo em que sentisse harmonia...

Entre palavras e espectros do que o
outrora foi bom,
Retirava tijolos submersos sob o escombro de tudo o que um dia foi história.
Nada respirava embaixo de tamanha destruição...
Porém,
Um ruído lhe chamou a atenção:
Levantou seus olhos na tentativa de identificar...
Porém, nada de perceptível pôde constatar.
De repente, um estouro!!!!
Sim,
Sou Eu !
Desta forma
Incandescente,
Renascida e renascente!
É...
Além de viva,
Continuo "GENTE"

Não é surpreendente?

Trem das Onze


E eram tantos caminhos...
Tantos direcionamentos esquisofrênciso repletos de suposta "sabedoria" amplamente questionável
Tantas diretrizes abafadas ao som da diversidade acadêmica que lhe fôra imposta
E em meio a tantas métricas perfeitas, enfim, desencaminhou-se!

Sim

Desejou perder o rumo de tamanha pseudo-razão, e pôs-se a caminhar indefinidamente, mundo a fora...
Tal qual costumava fazer-se em outrora...
Permitindo-se permitir mais do que até então lhe era "permitido"
Quis maisOusou mais

E, deparando-se com a loucura,
Esta saudo-lhe com olhos sedentos por um aceite a um convite seu.
A princípio, despretencioso...
Porém, no auge de seu ímpeto,questionou-se
se tal chamado não seria, no mínimo, audacioso!

Seus olhos brilharam
"Nossa, como eram sedutoras tais incitações!"

À estas não se fez de rogado, e rapidamente
como que num lumiar de fogos,
lançou-se absoluta e
I N C O N D I C I O N A L M E N T E   !

E, de repente,
bem a sua frente,
lá estava ele, pomposo...
e com tal ardor
que em tempo presente, declarou-se:
"Muito prazer, mas como demorou!  Sou eu, o  "AMOR"..."

De fato, ficou surpreso!
Naquele instante, deparou-se com a verdadeira noção
de que já com decorrida idade,
para encontrar o amor, então
Bastava ter tido menos SANIDADE,
Ter sentido-se menos dono da VERDADE,
e ter ouvido menos a RAZÃO

Sara Mazuco

Absorto


Para os textos,
ALMA

Para a dor,
CALMA

Para a essência,
AULA

Para sua atitude

P ... A ... L...  M ... A ... S ...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Incessante


Do muito que me disseram,  tão pouco  sei...
E do que tão pouco sei,  de  quase nada me lembro

Entretanto percebí  que ,
Além de setembro,
Em tudo o que descubro
Nada há ...
Se não,    “OUTUBRO” 

Implosão

Me chegou um poema
de extrema beleza, porém
Na contra-mão de nossa razão
Este queria gritar sobre um amor
que, outrora sustentado,
hoje amarga uma sanção

Abro o peito em compulsória dor
tal qual o réu a beira da condenação...
Chorarei ao esvaziar da mente, pouco a pouco,
tudo o que estava intrínseco nesta conjunção.

Não haverá ódio entrelaçado a nossa história,
Tão pouco subtração do que foi bom...
Levo lembranças de uma época bonita
(Trazendo a memória suja de batom)
E, apesar da alma dolorida,
seguirei com o que restar da "vida"
Cantarolando uma canção fora do tom


Sara Mazuco


Pororoca



Inerente ao que se entende,
Se entrega...

Se prende...

Na liberdade que tanto se sente,
Indícios de um novo afluente!

Sara  Mazuco

Olhos Fechados



Enquanto adormeces

Desconheço os traumas
existentes antes de tí

Percebo o tamanho da calma
que se pode sentir
dentro da alma...

Às mãos, as devidas palmas
Aos olhos, a devida emoção

Zelando teu sono
cuido deste sentimento
onde olhos fechados
representam a  "Imensidão"

Sara Mazuco

A Magnífica Floresta do Sol Nascente


Dias de poema
Dias de dilema
Flores para a minha pequena
Sorrisos de porcelana
Afago em rima razoável
Lágrimas do tamanho da cena
Bouquet de rosas elásticas
Acenos de uma breve intromissão
Projetando uma solidez intocável
Num dia qualquer
Apenas sorrir, contribuir...
Construir uma essência
Caminho de Santiago
Caminho de casa
Momento de unir 
Hora certa de amar

 


 Ricardo Villa Verde  &  Sara Mazuco

Audacioso Ostracismo


Faça algo por nós!

Se arrisque!
Não se abstenha!
GRITE!

Não assista de camarote nosso amor se despedindo na avenida!
Peça Bis...

Beba mais uma dose!
Compre um novo bilhete para a roda gigante!
Chore um pouco mais!
Estenda os braços!
Me alcance!
Não descanse!

Se jogue do décimo andar!
Proteja nossa história!
Coloque a nossa música....
Repare na letra!

Escreva uma poesia
Perca uma noite de sono pensando em nós
Confidencie essa angústia à um amigo
Diga que me ama...

Assuma isso pro seu coração!
Prometa a sí mesmo não perder nossa essência
Acredite que poderá ser diferente

Faça algo por nós!
Ainda há tempo...

Brigar....
Odiar...
Discutir...

Querer...
chorar...
Insistir...

Faça algo por nós...

Acreditar vale mais que sustentar essa ociosidade medíocre que nos torna dois náufragos mudos num barco, em pleno oceano

Um oceano chamado Indiferença...


Sara Mazuco

Silenciar . . .


Tão difícil enxergar quando a visão é turva
Tropeçando em palavras que não se transformam em fonemas
Buscando compreender o que nunca foi dito

Observo o decair de tudo o que já foi escada
Cada degrau vindo abaixo
Envergando o coração em forma áspera
Permitindo que cada ausência sentida concretize-se em certeza do fim

Reviro as caixas...   os guardados...
Tento encontrar algo que me faça gritar que  “NÃO”
Encontro poemas... poesias...
Teu nome em cada verso composto!

Encontro frases que compuseram perfeitas simetrias poéticas
Se perdendo em meio a folhetins diagramados de forma caricata 

Instrumentos mudos diante do que antes fôra a mais bela definição de uma canção


E pensar que só bastava um aceno de mãos...


Sara Mazuco

Escolhas e Afins

Vamos falar de amor
De canções
Das belezas inexatas ao olhar!

Falar do quanto somos interessantes
Não só agora, mas a todo instante
De loucura...
De leitura...
De ternura!

Vamos celebrar convidando amigos
Contando histórias e estórias
Aplaudindo o sucesso ou insucesso
De tudo o que se planejou!

Vamos brincar de rir até cair
De beber até enjoar
De viver até morrer!

Vamos ser excêntricos
Diante de lógicas irracionais
Vamos “causar” mais!

Vamos apostar a calma
Dar folga pra alma
Ir até o fim de tudo
Com o ímpeto de busca!

Sim...
Vamos!

A hora é essa
Vamos viver “à beça”...
Se der vontade, peça!
Se pedirem, cresça!
Se der sono, despeça!

E havendo julgamento
Não ligue pra tamanha porcaria
Dê seu melhor:SORRIA!

Busque a conclusão do ciclo:
Ser feliz ao fim do dia...


Sara Mazuco

Monólogo de Dor


Silêncio que interrompe a frase
Suspiro que perde o fôlego
Nota que destoa da canção
Dedicatória sem livro
Tela sem tinta
“alto” sem relevo

De tudo o que escrevo,
Apenas a palidez da alma fria e cinzenta
Desejando assimilar a agonia destas linhas

Lembro do tempo em que
lhe via passear em meus versos
Em tons diversos
Matizes acariciavam a retina!

Tenho os pés no chão
Vaidade no contento
Fôra apenas um vento
Que trouxe areia à minha visão.

Não há intuito de busca no caminho que findou-se

Sem visão, tateei curva em labirintos
Nestes, apenas o silêncio sombrio de teus medos
Do abismo que pensastes, vejo excesso entre os dedos!

Destruídos os pilares,
A busca pela reconstrução!

Para agradar, flores...
Para amar, disposição...



Sara Mazuco

Como espiral, meio mundo girei
tantas voltas dei
Sem nunca encontrar meu lugar

Noites, bebidas, bares
Perdições ou vãs altares?
Boas coisas mudam de conceito
como fritas no liquidificador.

Das histórias que ouví
  a melhor e mais verdadeira:
Que minhas escolhas,
tão absurdas quanto solitárias
Calaram-me por uma vida inteira. 

Sara Mazuco

Estática Sentença


Quando acordei 
Percebí que tudo permancera inalterado
desde o sabor do novo
ao paladar do intocado

Percebí que o sentimento construído
mantivera-se adormecido
e outrora jamais sido enterrado

Quando acordei
Percebí que a verdade não deixou de existir
E, que apesar das cicatrizes adquiridas
nada havia se desconcertado

Quando  acordei
Percebí que de real desespero,
nada restara de outrora

Apenas um  pesadelo do lado de fora


Sara Mazuco

Entre Pedras e Perdas


Quando a dor se instalou, anoiteceu...

Turvaram-se os astros
que antes, de tanto fulgor,
agora irradiavam apenas dor

A garganta seca
O vento imóvel
A boca muda

Na alma, o grito silencioso de tanto à ser dito
Palavras amordaçadas pela inércia
Ausência de uma razão

No caminho, tropeço em pedras
E em cada decaída,
Apenas o receio das perdas

Como tentar ser forte
quando a essência morre lentamente?

Ví flores brotarem de sua dor
Tão belas quanto seus sentimentos
E, neste momento
sentí tamanho lamento
por ter ferido tal amor

Em meio a tantos destroços
Reconstrução ainda é palavra diretriz


Sara Mazuco

Santuário


O carinho da forte farinha
Que do vento me trouxe a foice
Afiada pelo cair da noite
Inspirou-me na lacuna oferecida

Lacuna sem letras, sorte não há
Mas dados na mesa, estão sempre a rolar
De repente o medo: rogo à Aparecida
Medo bendito!
Sentença: A merecida.




Gordack, Sara Mazuco e Ricardo Villa Verde

Caravana

 
Quadrilátera folha
Que foi na breve brisa
Que não se encolha
E voe livre, leve e lisa

Função vital, imitei
Audição igual não sei
Fato, vida, olfato, evaporação
Tu meu Sol! 
Comunhão

Brancas nuvens não te neguem
Curta metragem no firmamento
Perto, longe, seguem
Acalentem-me do tormento

 
 
AUTORES
(Gordack, Sara Mazuco e Ricardo Villa Verde)

Quimeras de um Desejo

Como te compro?
Como te ganho?
Como te encontro?

Sinto-me tentada a buscá-lo 
em meio a meus torpes devaneios
Imcompreensivelmente suave
Detalhes expostos em silêncio absoluto
Escritos e descritos na mais perfeita síntese dissonante
Num instante
Neste instante

Lhe ví Alma  e espectro
E, como numa viagem íntima, vislumbrei o secreto
Nunca, em tempo algum,
Ví semelhante instante

Se contarem, Não acredite!
Segredos de alma não podem ser exumados
Sequer por seres humanos
Sequer por palavras

Sara Mazuco

Intimidade Mais que Interior


Banhei-me do que me oferecias
De tal mergulho que nem de ar me recordo
De tal profundidade que nem do fim me lembro

Banhei-me de teu amor
de tal loucura que nem de sanatório ouví falar
De tal complexidade que de razão nunca ouví dizer

Banhei-me de tuas intensidades
De tal prazer que nunca lembro de dor
De tal gozo que nem em céu posso crer

Banhei-me de tuas esperanças
De tal crença que de suicídio duvido a existência
De tal domingo que nem missa me vou há tempos

Banhei-me SIM,
e porque não assumir,
de tua dor
De tal alegria que remédios incendiei
De tal aconchego que outros abraços desconhecí
De corpo,
E em essência inteira.

Banhei-me de tudo o que me ofertavas...
Mas, derrepente
ACABOU A ENERGIA...
E o a água do banho ficou ,
do nada,
Fria !



Sara Mazuco

Incógnita


Sobre você
Escreveria palavras
Diria coisas bonitas
Falaria difícil
Escreveria sentimentalidades

Sobre você
Faria um poema
Arquitetaria um teorema

Sobre você
Divagaria num simples abraço
Conotaria um traço
Sei lá o que eu faço

Sobre você
Penso que faria tanto
E , no entanto, nada seria capaz de fazer!

 
Sobre você
Penso que seria improvável comentar
Inspirar...
Bailar...
Teorizar...
Finalizar...

Sobre você,
E, apenas sobre você
Editaria um livro de duas páginas:
 
APRESENTAÇÃO
e
AGRADECIMENTOS



Sara Mazuco

Derradeiro Suspiro


Abandono de causa
Não há medo da luta
Há cansaço de alma!

Ouço sussurros de socorro
Implorando por água que mate a sede
De vida real
De momentos constantes!

Causa perdida
Causa que dói por motivo ausente
Que dói e nem se sente,
Dentro da gente.

Abandono de causa...
Abandono de alma...
Abandono de trauma...

Sara Mazuco